quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pra que isso ?

Homem só serve pra tirar a concentração mesmo né ? Adora fazer um drama quando tá entediado. Sabe o cara da grama e tudo mais ? Pois é, namoramos por 1 ano e meio, passei dos meus 14 aos meus 16 anos namorando com ele, e ele dos 15 aos 17. Cara, primeiro amor é uma bosta, já começamos por aí! Tem tudo pra ser mais intenso do que qualquer outro, e foi. Nosso amor era bonito de se ver, e nosso sofrimento doía só de olhar. Como amar pode fazer a gente sofrer tanto? Eu confesso que a culpa foi minha. Eu não sabia lidar com a grandiosidade do sentimento que estava dentro de mim e por isso tomava atitudes desesperadas, descontroladas que me trouxeram exatamente o contrário do pretendido por elas. Perdi o garoto, a razão da minha vida aos 16 anos, o amor da minha até então breve vida. Você sabe o que é uma criança perder o brinquedo mais precioso dela? Cara, dói, e doeu por muito tempo. Acho que não tem forma mais eficaz de amadurecer do que quando você sofre de coração partido. E cresci, e amadureci, e namorei de novo, e de novo, e amei outra pessoa, e superei outra perda, mas o primeiro a gente nunca esquece. É mais do que certo, todos os que virão, sempre serão comparados ao primeiro, ele foi toda a referência inicial, foi com ele que descobri todo esse emaranhado de sentimentos confusos e inquietantes que perturbam os relacionamentos.
Assim, depois de 3 anos de esforço, pra esquecer em vão o maldito do primeiro amor, eu supero, mas não esqueço. E não é que o cara decide reaparecer ? Dizer que sente exatamente o mesmo que eu ? Que me ama e nunca amou alguém da mesma forma ? Adoro quando ex-namorados bêbados me encontram nas festas e despejam um monte de baboseira no meu ouvido e adoro o fato de que eu bêbada acredito com mais convicção ainda! Não respondo, estou bêbada, mas não sou idiota, tenho plena consciência por mais inconsciente que esteja, de que minhas palavras podem redobrar o sofrimento se postas pra fora e ele mudar de ideia, o que regularmente costuma acontecer com todos os exs. E é batata, no dia seguinte ele vem até minha casa para me dizer que estava bêbado e falou bobagem. Calejada finjo que nem ligo e funciona. O ar de despreocupação da minha parte dá espaço pra um novo ar de possível reaproximação. Não há o desespero de uma criança sem seu brinquedo. Somos adultos agora, não temos mais tempo pra brincar.Ou pelo menos é o que demonstramos. É desconcertante tentar interpretar um papel diferente dos seus sentimentos, tão fortes, que provocam algumas brechas, mas são brechas recíprocas, olhares longos e profundos, bochechas rosadas, observação de cada detalhe de perto para perceber as mudanças e procurar aquilo que ficou do que eu tanto amava, de cada milímetro que eu amei.Conversas sobre o passado permitem mais brechas, lembranças carinhosas, saudades claras. A grama, o olhar, o carinho...
E então fica incontrolável a vontade de tentar de novo. E assim, um encontro. Um encontro foi tudo que precisou pra eu me apaixonar de novo por você, pra me lembrar das suas qualidades, e dos seus defeitos, que eu amava igualmente, por que todos partiam de você. As conversas, as incertezas do futuro, tudo isso dá ao meu coração já tão abatido um presente de valor inestimável: esperança. Esperança de fazer direito o que um dia eu estraguei de forma tão irreparável. De sanar o remorso não de ter acabado, mas de ter acabo por um erro meu.
E assim passam os dias seguintes, sem tirar sequer um segundo da cabeça a possibilidade. Até que sua indiferença se estampa na sua cara, a saudade parece não mais existir, e todo carinho que seus olhos gritavam ao me ver, simplesmente estão satisfeitos agora. Eu supri a sua carência, e era tudo o que você precisava, e em troca eu ganhei uma passagem só de ida pro passado, em um trem velho e empoeirado, cheio de alergias e pragas, e o caminho é longo, até que eu consiga descer dele novamente.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Você tem esse poder, de virar minha vida do avesso. De me fazer querer ser totalmente diferente de tudo que lutei anos pra ser, de me fazer te querer mais do que o que eu tanto queria há meses. Sem fazer muito, sem fazer nada. É assim que é e sempre vai ser, eu estruturo toda minha vida e você derruba ela com uma só soprada. O fato é...eu não me importo de ser derrubada, desde que você caia junto comigo.
"Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto ou indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas é aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua prece
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
é muitas vezes, encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro e o outro no um
até porque...

tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só? "

Simplesmente genial ! 
Mágico, O Teatro.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pisque, Acorde, Viva

Caminhei pelos grandes campos verdes a tarde inteira. Pensando, refletindo e lembrando. Pisquei e vi uma menina. Bonita, jovem, inteligente e ainda assim sua face era cansada, triste. Ela chorava sozinha embaixo de uma árvore, apertava os olhos com força como se isso fosse transportá-la pra um lugar melhor e quando abria os olhos, olhava pra cima como se implorasse que a dor passasse.
Me aproximei dela e perguntei "O que é tão ruim que possa ser capaz de lhe causar tudo isso?", ela me olhou como se minhas palavras a lembrassem mais claramente do que ela tanto queria esquecer e respondeu por soluços "coração partido".
E eu contei pra ela, a história de uma menina, que amou alguém. Essa menina que perdeu alguém, e superou um dano irreparável. Uma menina que viu seu mundo desmoronar, que se sentiu sozinha como ela, que chorou, esperneou e tentou de toda forma reaver o que havia perdido e que finalmente conheceu um amor que superava qualquer coração partido. Ela aprendeu a amar a vida, a amar o mundo e principalmente a se amar. Ela se forçou a sorrir mesmo quando tudo estava no chão, e adivinha o que aconteceu! Tudo se levantou, mais bonito, mais verde, mais vivo. Ela riu, ela chorou de novo, mas ela superou e aprendeu a viver.
A menina me olhou ainda com lágrimas escorrendo, lágrimas agora mais calmas, e me disse que não havia como superar aquele amor, que ela não poderia imaginar que o resto de sua vida fosse longe daquela pessoa, que a maior satisfação da vida dela seria fazê-lo feliz, e me contou sobre eles, naquela mesma grama, ele a observava, ela sorria, e era tudo de uma perfeição irrisória.
Eu entendia, claro que entendia. Por isso disse a ela "ele também não está feliz com isso, mas já pensou que talvez, você tenha que aprender primeiro a ser o bastante para você mesmo para que você possa ser tanto para outra pessoa? Ninguém quer uma pessoa que não quer viver por ela mesma"
E ela me olhou intrigada. Ela entendeu o recado, secou as lágrimas e seguiu em frente. Pisquei de novo e ela sumiu. Olhei no espelho e não consegui me identificar naquele "eu" que chorava tão desesperadamente. Sentei naquela árvore, e deitei no colo dele, aquele que tanto me doeu perder que agora me olhava crescida, mudada, mas ainda apaixonada, ainda disposta a fazê-lo feliz, mas não mais do que sua própria felicidade, e agora ele me olhava ainda mais apaixonado, como se nada no mundo fosse capaz de me tirar dos seus braços dessa vez, a cena era de uma perfeição irrisória, só que dessa vez, era real.