quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pisque, Acorde, Viva

Caminhei pelos grandes campos verdes a tarde inteira. Pensando, refletindo e lembrando. Pisquei e vi uma menina. Bonita, jovem, inteligente e ainda assim sua face era cansada, triste. Ela chorava sozinha embaixo de uma árvore, apertava os olhos com força como se isso fosse transportá-la pra um lugar melhor e quando abria os olhos, olhava pra cima como se implorasse que a dor passasse.
Me aproximei dela e perguntei "O que é tão ruim que possa ser capaz de lhe causar tudo isso?", ela me olhou como se minhas palavras a lembrassem mais claramente do que ela tanto queria esquecer e respondeu por soluços "coração partido".
E eu contei pra ela, a história de uma menina, que amou alguém. Essa menina que perdeu alguém, e superou um dano irreparável. Uma menina que viu seu mundo desmoronar, que se sentiu sozinha como ela, que chorou, esperneou e tentou de toda forma reaver o que havia perdido e que finalmente conheceu um amor que superava qualquer coração partido. Ela aprendeu a amar a vida, a amar o mundo e principalmente a se amar. Ela se forçou a sorrir mesmo quando tudo estava no chão, e adivinha o que aconteceu! Tudo se levantou, mais bonito, mais verde, mais vivo. Ela riu, ela chorou de novo, mas ela superou e aprendeu a viver.
A menina me olhou ainda com lágrimas escorrendo, lágrimas agora mais calmas, e me disse que não havia como superar aquele amor, que ela não poderia imaginar que o resto de sua vida fosse longe daquela pessoa, que a maior satisfação da vida dela seria fazê-lo feliz, e me contou sobre eles, naquela mesma grama, ele a observava, ela sorria, e era tudo de uma perfeição irrisória.
Eu entendia, claro que entendia. Por isso disse a ela "ele também não está feliz com isso, mas já pensou que talvez, você tenha que aprender primeiro a ser o bastante para você mesmo para que você possa ser tanto para outra pessoa? Ninguém quer uma pessoa que não quer viver por ela mesma"
E ela me olhou intrigada. Ela entendeu o recado, secou as lágrimas e seguiu em frente. Pisquei de novo e ela sumiu. Olhei no espelho e não consegui me identificar naquele "eu" que chorava tão desesperadamente. Sentei naquela árvore, e deitei no colo dele, aquele que tanto me doeu perder que agora me olhava crescida, mudada, mas ainda apaixonada, ainda disposta a fazê-lo feliz, mas não mais do que sua própria felicidade, e agora ele me olhava ainda mais apaixonado, como se nada no mundo fosse capaz de me tirar dos seus braços dessa vez, a cena era de uma perfeição irrisória, só que dessa vez, era real.

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